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Treino: Potência ou Frequência Cardíaca?

Nos dias de hoje há basicamente duas ferramentas utilizadas para controlo e monitorização do treino de ciclismo, o monitor de frequência cardíaca e o medidor de potência, o que obviamente nos leva à discussão: qual dos métodos é o melhor?

É consensual que o treino com base na potência traz mais ganhos efectivos na performance do que o treino baseado na frequência cardíaca.

O problema do treino baseado na frequência cardíaca é que esta é afectada por diversos factores externos ao treino, como por exemplo a fadiga, as horas de sono, a temperatura ambiente, a quantidade de cafeína ingerida antes do treino ou até mesmo o estado de hidratação do atleta. A influencia de todas estas variáveis impede que os valores registados sejam confiáveis e consistentes de treino para treino.

Além disso, quem utiliza um medidor de frequência cardíaca durante o treino decerto já se apercebeu que existe um lag na resposta do coração aos esforços realizados, ou seja, num esforço máximo a frequência cardíaca só atinge o seu pico vários segundos após o inicio desse esforço. Isto torna o medidor de frequência cardíaca uma ferramenta pouco útil na monitorização do treino de séries curtas.

Por outro lado. a potência é uma métrica exacta, sem qualquer influência de factores externos, que mede de forma instantânea e precisa o esforço que estamos a aplicar nos pedais, desde a primeira pedalada. São números consistentes que não mentem, 300W hoje são iguais aos 300W de ontem e aos de amanhã, independentemente da fadiga, da temperatura ou de qualquer outra variável.

O facto de ser uma medição instantânea permite-mos usar o medidor de potência de forma efectiva na monitorização em treinos de séries curtas. A consistência dos valores permite-nos isolar e trabalhar de forma repetida, determinadas zonas de treino e com isto promover a melhoria de uma capacidade específica.

O medidor de potência é exímio no controlo e doseamento do esforço ao longo de um treino ou prova. Conhecendo a nossa curva de potência conseguimos saber em determinado momento se vamos acima ou abaixo das nossas capacidades e com isto gerir o esforço de forma a não morrermos na praia.

A potência é ainda uma métrica bastante importante na avaliação da nossa evolução em determinado período, sendo o valor do FTP (Functional Treshold Power) o principal indicador.

Isto não significa que o treino com base na frequência cardíaca seja inútil. É sempre melhor fazer um treino estruturado com base nesta métrica do que um treino sem qualquer regra ou estrutura. A frequência cardíaca será sempre uma métrica útil como orientação de treino. Usada como complemento à potência permite analisar de forma mais aprofundada os treinos e a evolução de um atleta.


Pessoalmente o medidor de potência alterou completamente a minha forma de treinar. Os treinos passaram a ser controlados ao segundo, passaram a ser mais desgastantes (a ir ao osso como se diz na gíria) mas mais proveitosos, a carga de treino mais controlada e estruturada e a gestão do treino e das provas mais eficaz, o que obviamente se traduziu numa melhoria dos resultados face aos anos anteriores. É sem dúvida uma ferramenta fundamental para quem pretende elevar o treino a outro nível!

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